A polêmica Zona Azul deve começar a ser cobrada ainda nesta semana, segundo informou a concessionária que administra o serviço nas ruas de Taboão da Serra. O motorista que precisar parar em uma das 2.600 vagas vai desembolsar R$ 1 a cada 30 minutos, valor equivalente a shoppings chiques e exclusivos, como o Jardim Sul, Eldorado e o Morumbi. Moradores e comerciantes acham o preço abusivo.

Na cidade de Itapecerica da Serra, por exemplo, o valor da Zona Azul é menor, uma hora custa para o motorista R$ 1,40. Em Taboão da Serra, esse valor é 42% mais caro, saindo R$ 2. Quando comparado com os estacionamentos dos shoppings, a discrepância é maior ainda, não pelo valor, que se igualam, mas pelas comodidades. Nos badalados centros comerciais, instalados em áreas nobres, além de estacionar em local coberto, a segurança é um diferencial: se o veículo for roubado ou riscado, o seguro do estacionamento arca com o prejuízo.

Outro motivo que deixa o taboanense contra a implantação é que o valor arrecadado com a Zona Azul será dividido de uma forma desproporcional. O município, “proprietário” do espaço público onde o estacionamento rotativo está instalado fica com apenas 6% do montante, já o consórcio, fica com uma bolada bem maior: 94%, mas, é claro, paga os impostos como o ISS (mais ou menos 5%).

Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Taboão da Serra, “a escolha do preço foi determinada por edital, e realizada pela área técnica que realizou um balizamento para chegar ao valor”, informou por e-mail. A empresa também disse que o valor cobrado em Taboão da Serra não é um dos mais altos. “Em São Paulo o valor é de R$ 3,00 e não permite fracionamento, e em Taboão da Serra o valor mínimo será de R$ 1,00 com a opção de fracionamento”.

Para José Batista, presidente da Associação Comercial e Empresarial, a Zona Azul é um equipamento de regulamentação urbana necessário. “É um remédio amargo, mas tem que ser dado. A forma que a Zona Azul foi implantada, sem discutir com a sociedade, com os empresários e comerciantes, é que foi errada. Não sabemos como foram negociados esses valores, mas não tem como o comércio se desenvolver sem a Zona Azul”, disse.

Já o Roberto Pereira, dono de uma doceria no Centro da cidade disse que a Zona Azul é benéfica, mas o valor está fora da realidade. “Quem vai parar aqui e pagar R$ 4 em duas horas? Eu acho um absurdo, nós comerciantes não temos onde parar os nosso carros também, temos que pensar em tudo isso”, reclamou.

Mas a bronca maior ficou por conta dos motoristas. Maria Amélia Aguiar, moradora do Pazzine, disse que não compensa mais ir ao Centro de carro. “Acho um absurdo esse valor, a cidade não é rica, já pagamos um IPTU altíssimo e agora mais essa taxa? Sempre recai sobre os ombros da população”, reclamou.

O morador do Largo do Encontra Taboão da Serra, Gleidson Xavier, também engrossa o coro e diz que o valor é alto e que quem mora na região vai arcar com um custo “impagável” a longo prazo. “Tenho dois carros e na minha garagem só cabe um, como eu vou fazer para deixar ele na rua? Até de sábado estão enfiando a faca na gente?”, questiona.

O objetivo da criação da Zona Azul é aumentar a rotatividade das vagas. Nos folders que serão distribuídos aos motoristas, o consórcio informa que o objetivo é “estimular a rotatividade para que todos tenham a oportunidade de estacionar. Por isso a permanência máxima numa mesma vaga é de 2 horas”.

Fonte: O Taboanense